Demitida em meio à pandemia: o que mães devem fazer para retomar atividade profissional

Crise sanitária tirou muitas mulheres do mercado de trabalho. Mas é possível retornar com a ajuda da família e de profissionais especializados em recolocação

Pesquisa da consultoria McKinsey & Compani deste ano que ouviu mães no mercado de trabalho revela que, durante a pandemia da Covid-19, elas não estão lidando apenas com um volume maior de tarefas domésticas mais do que os pais nos últimos meses, como também estão mais preocupadas se estão sendo avaliadas negativamente por seus empregadores ao adotar o home office. Ainda segundo o estudo, uma em cada quatro mulheres, sobretudo as com filhos, considerou mudar de carreira ou deixar o mercado de trabalho. 

A Pnad Contínua do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no segundo trimestre do ano passado apontou que o desemprego entre homens no período foi de 12%, enquanto entre as mulheres chegou a 14,9%. O levantamento revelou ainda que, na última quinzena de março de 2020, 7 milhões de mulheres já haviam deixado o mercado de trabalho, contra 5 milhões de homens. 

Mesmo antes da pandemia as mulheres já se atarefavam mais com as atividades da casa do que os homens. O IBGE registrou em 2019 que a dedicação das mulheres em casa era de 21,4 horas semanais, enquanto as dos homens era de apenas 11 horas. De 2016 para 2019, a diferença aumentou de 9,9 para 10,4 horas semanais.

Ou seja, além de fazerem dupla jornada e receberem salários menores que os dos homens mesmo desempenhando a mesma função, as mulheres ainda sofreram mais com o desemprego durante a pandemia. 

Para tentar reverter esse quadro, ou ao menos trabalhar para auxiliar mães que precisam continuar trabalhando, duas mulheres – Mariana Gabriejelcic e Ana Paula Ferraz, criaram ainda em 2019 o MamaJobs. A plataforma atua para conectar candidatas a empresas que não veem a maternidade como um problema profissional. “Fazemos tudo isso porque acreditamos que, quando nasce um bebê, nasce uma mãe também uma mulher cheia de novas habilidades coragem e garra para todos os desafios”, contaram ao site Movimento Mulher 360.

O que fazer?

Especialistas em gestão de carreiras entendem que uma das maneiras de tirar dos ombros das mães um peso que é maior do que podem suportar é dividir as tarefas em casa. Reajustar funções é uma maneira de permitir que elas possam desenvolver atividades profissionais sem iniciar o expediente já cansadas pelo que já tiveram de fazer antes mesmo de iniciar o trabalho. A sobrecarga jogada sobre os ombros de uma mãe, que nesses tempos de pandemia certamente a afetará negativamente no desempenho profissional. 

Enquanto as escolas permanecem sem atividades presenciais devido ao momento crítico da pandemia, é preciso que as famílias montem redes de apoio de modo a reduzir o volume exagerado de atividades que a mulher tem desenvolvido em casa, e que podem ser divididas. Filhos mais velhos, com condições de assumir responsabilidades, podem cuidar dos irmãos menores ou mesmo supervisioná-los nas tarefas escolares enquanto as mães trabalham. 

Esses mesmos filhos também podem assumir tarefas domésticas, como cuidar da limpeza da casa – se já tiverem idade suficiente para ir a um supermercado próximo, e se bem protegidos de acordo com os protocolos de segurança, podem se responsabilizar pela compra de mantimentos em menor quantidade, por exemplo. 

Outro ponto importante é refazer o currículo. Uma vez que você pode ter longos intervalos entre um emprego e outro – caso tenha optado por cuidar dos filhos até certa idade antes de retomar a vida profissional – foque mais em suas habilidades, realizações e conquistas do que nas datas entre os trabalhos. 

Use suas redes sociais para restabelecer conexões. Use o Linkedin, Facebook e o Instagram para reatar laços profissionais pelas empresas que passou ou com contatos que fez em outras organizações. 

Tenha paciência. Se em momentos normais, num país como o Brasil, retornar ao mercado de trabalho é demorado, em uma crise sanitária sem precedentes certamente será ainda mais difícil. Avalie possibilidades de migrar também para áreas correlatas à carreira que escolheu.

Se estiver ao seu alcance, procure um headhunter ou um coaching, profissionais que podem auxiliar na recolocação no mercado de trabalho. Eles saberão dar os caminhos a serem traçados para encontrar novas oportunidades que não lhe tomarão qualidade de vida, com orientações preciosas sobre como manter sua saúde física e emocional em um novo desafio profissional, sem negligenciar a carreira e a família. 

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