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Candidíase: o que é, quais são os sintomas e como tratar?
Há Por KARLA COSTA LANES GUERREIRO as 15:05 - 24/09/2024 Saúde
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Embora seja conhecida por causar uma coceira incômoda na região íntima e afetar inúmeras pessoas todos os anos, a candidíase vai muito além de apenas uma infecção comum. Segundo o Ministério da Saúde, essa condição pode ser definida como um grupo de infecções causadas por fungos do gênero Candida — sendo a Candida albicans a mais frequente — que podem se manifestar de diversas formas e em várias partes do corpo.
Mas você sabia que, além de ser um incômodo passageiro, a candidíase pode se transformar em uma ameaça silenciosa capaz de se espalhar pelo corpo, atingindo desde a pele até órgãos vitais? E em casos mais graves, levando até mesmo à morte?
Para se prevenir e tratar a condição da maneira certa, neste artigo, vamos entender o que é a candidíase, conhecer suas causas, sintomas, tratamento e, claro, as melhores estratégias de prevenção. Boa leitura!
O que é candidíase?
Apesar de ser relativamente comum, algumas pessoas podem não saber o que é candidíase ou ter um conhecimento raso sobre a condição. Em essência, essa doença nada mais é do que uma infecção provocada por um fungo chamado Candida — tipo de organismos que naturalmente habitam em nós.
A Candida pode estar presente em diferentes partes do corpo, como na pele, unhas e intestino, geralmente sem causar problemas. No entanto, um desequilíbrio nesses organismos, como um aumento descontrolado dos fungos, pode desencadear uma infecção, gerando a candidíase.
O que é Candida?
Como vimos, Candida é um gênero de fungos leveduriformes que inclui várias espécies de organismos. Dentre os mais comuns, encontramos:
Candida albicans: é a principal espécie causadora da maioria das infecções por Candida (cerca de 70 a 80%).
Candida glabrata: embora menos comum, é mais resistente a antifúngicos, sobretudo em pessoas com sistema imunológico debilitado.
Candida auris: identificada em 2009, chama atenção por sua capacidade de resistir a diversos antifúngicos e provocar infecções severas.
O que é candidíase vaginal?
A variação mais conhecida, a candidíase vaginal, se manifesta como uma inflamação e infecção na vulva e na vagina, normalmente, provocada pelo fungo Candida albicans. Os sinais e sintomas mais comuns incluem coceira intensa na área genital, vermelhidão e corrimento branco característico. Vale lembrar que, embora geralmente sem cheiro, em algumas situações podem apresentar um odor sutilmente adocicado, lembrando o cheiro de fermento.
Como sabemos, a candidíase costuma surgir devido a um desequilíbrio na flora vaginal. A partir disso, confira as causas mais comuns dessa condição:
Níveis elevados de glicose devido ao diabetes mal gerenciado.
Uso de medicamentos corticosteroides.
Sistema imune comprometido ou enfraquecido.
Exposição a produtos que podem causar alergia ou irritação na região genital, incluindo perfumes, sabonetes e desodorantes.
Nível de estrogênio elevado devido à utilização de contraceptivos orais combinados.
Leia também: O uso do anticoncepcional no corpo feminino: quais as opções?
Candidíase: sintomas mais comuns
Nos estágios iniciais, a candidíase pode apresentar indícios leves e pouco perceptíveis. Contudo, é indispensável se atentar aos primeiros sinais para buscar tratamento precoce e, assim, evitar complicações. Dentre os sintomas dos principais tipos de candidíase, destacam-se:
1. Sintomas de candidíase vaginal
Além dos sintomas já mencionados, a candidíase vaginal, o tipo mais conhecido, pode apresentar outras manifestações, como:
Sensação de ardor na área genital, que pode piorar ao urinar, por exemplo.
Vermelhidão e inchaço na vulva e na vagina, sinais de que há uma inflamação.
Irritação e a inflamação dos tecidos genitais, o que pode tornar a penetração nas relações sexuais dolorosa.
2 - Sintomas de candidíase oral
A candidíase oral, popularmente chamada de “sapinho”, é uma infecção provocada pela multiplicação excessiva do fungo Candida albicans na boca. Seus principais sintomas são:
Manchas brancas e com aspecto cremoso na língua, nas bochechas, no céu da boca e nas gengivas.
Dor ou queimação na boca.
Dificuldade para engolir, em casos mais sérios.
Menor percepção do sabor dos alimentos.
Rachaduras nos cantos da boca.
3 - Sintomas de candidíase peniana
A candidíase peniana, causada pelo fungo Candida, pode resultar em desconforto e constrangimento. Se atente aos seguintes sintomas:
Vermelhidão intensa na glande (ponta do pênis), além de coceira e irritação.
Manchas ou placas esbranquiçadas na glande e na parte interna do prepúcio (pele que cobre a ponta do pênis).
Dificuldade para retrair o prepúcio devido à sua aderência à glande.
Sensação de queimação na glande e no prepúcio, que pode piorar durante a relação sexual ou ao urinar.
4 - Sintomas de candidíase cutânea
Manchas avermelhadas e úmidas com bordas definidas, geralmente em áreas de dobras da pele, como axilas, virilhas e entre os dedos.
Lesões que provocam coceira intensa e irritação.
Descamação da derme, especialmente nas bordas das lesões.
Em alguns casos, pequenas bolhas com pus nas áreas afetadas da pele.
Ao perceber qualquer um desses sinais, é essencial buscar orientação médica o mais breve possível! Um diagnóstico rápido e o tratamento correto são pontos-chave para evitar possíveis problemas mais sérios no futuro.
Candidíase: tratamentos
Agora que você já sabe identificar os principais sinais de candidíase, o próximo passo é saber como tratar candidiase e quais são os métodos mais eficazes para essa infecção fúngica. Atualmente, existem várias opções de tratamento recomendadas por ginecologistas, dentre elas:
Tratamento com antifúngicos
Os medicamentos antifúngicos são o principal tipo de tratamento contra a candidíase. Para casos que afetam apenas a pele, boca ou vagina, o tratamento geralmente envolve a aplicação direta de antifúngicos na área afetada, como cremes ou pomadas de Clotrimazol e Nistatina.
Em outras situações, o médico ou médica pode prescrever o fluconazol, um antifúngico oral em forma de comprimido. Contudo, lembre-se de consultar uma figura médica antes de iniciar qualquer tratamento — cada caso é diferente e pode precisar de uma abordagem personalizada para tratar a condição.
Tratamento com mudanças na higiene
Outra abordagem sobre o que é bom para candidíase, é fazer ajustes na higiene pessoal. Por exemplo, é importante evitar duchas internas e produtos de higiene que irritem o órgão genital na candidíase vaginal. Já para a candidíase oral, manter uma boa rotina de cuidados bucais é essencial para tratar o “sapinho", incluindo escovação regular dos dentes e o uso de um enxaguante bucal antifúngico.
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Tratamento com mudanças no estilo de vida
Adaptar a alimentação também pode ser um aliado no combate à candidíase. Por exemplo, diminuir o consumo de açúcar e alimentos processados fortalece o sistema imunológico e pode ajudar a prevenir novos episódios da doença. Além disso, manter a área genital seca e evitar roupas apertadas contribui para prevenir futuras infecções. Opte por roupas leves e que permitam a pele respirar!
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Mitos mais comuns sobre a Candidíase
Com tantas informações sobre candidíase, é normal que algumas dúvidas apareçam. Para te ajudar, abaixo vamos esclarecer alguns pontos e separar os mitos das verdades sobre esse assunto. Confira:
1. “A candidíase aparece imediatamente após o ato sexual”
Não há como prever exatamente quanto tempo depois da relação aparece a candidíase. Afinal, ela não é transmitida sexualmente como outras doenças, pois, como vimos, o fungo Candida já mora no nosso corpo.
Entretanto, situações como estresse, má alimentação ou alterações hormonais podem aumentar as quantidades dos organismos e, consequentemente, causar a infecção. Com isso, o sexo pode facilitar esse desequilíbrio, mas os sintomas geralmente demoram um pouco para aparecer, não são imediatos.
Para evitar esse desequilíbrio dos organismos por conta do ato sexual, é importante usar preservativos, que também ajudam a evitar ISTs (infecções sexualmente transmissíveis).
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2 - “Apenas mulheres desenvolvem candidíase”
Embora a candidíase seja mais comum em mulheres, homens também podem ser afetados. Como vimos, existem vários tipos de candidíase, como a peniana, a oral e cutânea — todas causadas pelo crescimento excessivo do fungo Candida.
Além disso, também não há como saber por quanto tempo dura a candidíase feminina e a masculina. Por isso, é importante que todas as pessoas, independente do sexo, fiquem atentas aos sintomas dessa infecção.
3 - “A candidíase genital se manifesta apenas em pessoas com vida sexual ativa?”
Mesmo quem nunca teve relação sexual pode ter candidíase. Isso porque a infecção não está ligada apenas ao sexo, mas também em outros fatores como alterações hormonais e imunidade baixa. Por isso, a candidíase não é considerada uma IST.
4 - “O uso de antibiótico é uma forma de tratamento para candidíase”
Usar remédios para combater bactérias não vai resolver uma infecção por fungos. Na verdade, o uso frequente de antibióticos pode piorar a situação, eliminando as bactérias “do bem” que ajudam a controlar a Candida.
5 - “Ter candidíase é falta de higiene”
A falta de higiene íntima adequada pode aumentar as chances de ter candidíase — mas não causar! Por conta disso, é essencial manter a área genital sempre limpa e seca, evitando usar produtos de higiene muito fortes ou com perfume, além de usar produtos próprios para a região íntima.
Ao longo do artigo, aprendemos o que é a candidíase, o que causa a condição e seus diversos aspectos. Vimos também seus diferentes tipos, sintomas e, principalmente, a importância do diagnóstico e tratamento adequados para evitar complicações.